Pular para o conteúdo principal

Balada Literária terá formato digital e homenageia a escritora Geni Guimarães

Festa criada pelo escritor Marcelino Freire segue a data prevista, de 3 a 7 de setembro, com edição simultânea em São Paulo e Salvador

Realizada anualmente desde 2006, a Balada Literária chega à 15ª edição com um novo formato, totalmente online, mas mantendo a data prevista, de 3 a 7 de setembro,  no site www.baladaliteraria.com.br. Este ano, a festa homenageia a escritora paulista Geni Guimarães e traz nomes como Conceição Evaristo (amiga da homenageada), Mestre Jorjão Bafafé, Douglas Machado, Sidney Santiago Kuanza, Miriam Alves, Gabi da Pele Preta, Esmeralda Ribeiro, Landê Onawale, Luz Ribeiro, Cátia de França, Ricardo Aleixo, Daniel Munduruku e Eliane Potiguara. Em Salvador, o homenageado é o escritor e músico Juraci Tavares.

Juraci Tavares - Foto: Alberto Lima

“Insisto que faremos uma festa ‘presencial’. Porque estaremos presentes. Marcando ‘presença’ na casa das pessoas. Será um abraço solidário em cada leitor e leitora. A nossa luta é manter a Balada de pé, porque precisamos de ações propositivas. A Balada sempre foi feita com amor e teimosia e enfrentamento”, afirma Marcelino Freire. Nesta edição, cada atração será aberta por um profissional dos bastidores, como camareira, iluminador e técnico de som, uma forma da Balada abraçar “os profissionais, descobertos pela pandemia, que fazem eventos assim acontecer”, destaca Marcelino.

O evento contará com aulas, conversas, shows, exibição de filmes e saraus unindo autores brasileiros a africanos. Para finalizar cada dia, um encontro no Zoom aproximará participantes e público na Balada da Balada, com leituras e temáticas pré-definidas, a exemplo do Sarau Transversal, de temática LGBTQI+, já tradicional na da festa. A abertura, dia 3, às 19h, será com show da pernambucana Gabi da Pele Preta, exibição do documentário Geni Guimarães, dirigido por Day Rodrigues, e mesa com a diretora, a homenageada, Conceição Evaristo e a bibliotecária Bel Santos Mayer.

Para fazer o filme, Day passou dois dias com a autora na cidade de Barra Bonita, no interior paulista, onde colheu cenas do cotidiano, marcadas pela presença familiar, recitando seus poemas e reunindo depoimentos de uma trajetória. “Onde estão seus livros que não chegaram em todos os brasileiros? Ela diz uma coisa que me marcou sobre o processo que os negros precisam passar para encontrar sua voz, os não-brancos, como ela chama”, conta Day. No filme, Geni fala ainda sobre a amizade com Conceição Evaristo.

Geni Guimarães é autora de 10 livros de poemas, contos e infantis, recebeu prêmio Jabuti por A Cor da Ternura. Nasceu em 1947 e é ativista em causas sociais e identitárias desde o início dos anos 1980. Numa época em que não se colocavam tais assuntos como responsabilidade de todos, debateu literatura negra, feminismo e construiu sua obra como forma de libertação em busca de deixar uma voz que ainda hoje é pouco ouvida. Na Balada do ano passado, Valter Hugo Mãe conheceu a escritora, ficou impressionado e publicou um artigo longo sobre o seu trabalho em Lisboa, e quer agora publicá-la em Portugal. 

Balada baiana 


Em sua sexta edição, a Balada Literária da Bahia homenageia o poeta, cantor e compositor Juraci Tavares, 70 anos, nome de destaque da produção cultural afro-baiana. Juraci terá sua trajetória destacada em um documentário assinado por Ricardo Soares, produzido para o evento, e numa conversa com a cantora Fabiana Cozza, sábado (dia 5), às 18h.


Será a oportunidade de ouvir Juraci falar de sua poesia, registrada no livro Vocábulos Caminhantes e no disco Umbilical e também nas muitas canções que compôs para os blocos Ilê Aiyê, Filhos de Gandhy, Malê Debalê e Cortejo Afro, entre outros.  “Juraci é uma dessas pessoas que eu chamo de mestre. Apesar de aposentado como professor, criou o Espaço de Humanidades Ossos 21, onde continua, de maneira voluntária, preparando alunos de baixa renda para ingresso no ensino técnico e superior. Como músico e poeta, é um legítimo representante da negritude brasileira. Gosto de dizer que seus poemas e canções também no educam para a percepção crítica do mundo, porém sem abdicarem da beleza, que lhe é fundamental. Poder homenageá-lo na Balada Literária 2020, ao lado da escritora Geni Guimarães, me dá uma alegria extra. Mais do que nunca, o Brasil humano e solidário precisa de artistas do porte desses mestres incríveis”, afirma Nelson Maca, curador da Balada baiana.


Na sequência, o evento dialoga com a obra de Juraci através da história de outro mestre da cultura afro-baiana: o percussionista Jorjão Bafafé, um dos criadores do afoxé Badauê e do bloco afro Okanbí. Jorjão conversa na Terreiro de Jagun, barracão de candomblé instalado por sua avó, onde ainda mora sua família, no bairro do Engenho Velho de Brotas. Quem dialoga com o mestre é a cantora Mariella Santiago e o gestor cultural Chicco Assis.


A presença baiana acontece também com um sarau apresentado por Nelson Maca na abertura (às 22h), que une Bahia e África, com as presenças de Anajara Tavares, Jef (O Quadro), Ras Tardas (Moçambique) e Okwei Odili (Nigéria); com uma aula sobre literatura negra baiana do professor Sílvio Roberto Oliveira (dia 4, às 10h) e com a presença do filme O Caso do Homem Errado, da cineasta Camila de Moraes, gaúcha radicada em Salvador, que está disponível no site do evento. Salvador conta ainda com as participações das poetas Jocélia Fonseca e Lívia Natália, além de Landê Onawale. Os três participarão de diferentes mesas sobre literatura com nomes essenciais dos cadernos negros e da nova produção literária feminina e negra.


A Balada Literária conta com os apoios do Itaú Social, Instituto Vagalume, Biblioteca Mário de Andrade, Centro Cultural b_arco, Livraria da Vila e Navega. Toda a programação, que ficará disponível no site, é gratuita.  

 

XV BALADA LITERÁRIA 2020 UM ABRAÇO SOLIDÁRIO 

Quando: 3 a 7 de setembro, no site www.baladaliteraria.com.br 

Mais informações: Ana Cristina Pereira (9 9176-5755) e Nelson Maca (3326-4620) 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Festival de Inverno Bahia se consolida como um dos maiores eventos do interior do Nordeste

O Festival de Inverno Bahia, mais uma vez, atraiu um grande público, se consolidando como um dos maiores eventos do interior do Nordeste brasileiro. Durante três dias, diversos artistas se apresentaram no palco principal, no palco alternativo e em outros locais do Parque Teopompo de Almeida, em Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia. Festival de Inverno Bahia - Foto: Cacau Novaes A abertura da 18ª edição do evento aconteceu na noite de sexta-feira (23) com Nando Reis e a dupla AnaVitória, que foram responsáveis por estrear o palco principal do Festival de Inverno 2024. O público se encantou com sucessos como "All Star", "Ai, Amor", "Fica", "Trevo", "Por Onde Andei", Pra Você Guardei o Amor", que fizeram parte da setlist da apresentação. Nando Reis e Ana Vitória - Foto: Divulgação/FIB24 Logo em seguida, o grupo Só Pra Contrariar se apresentou no evento com um show inédito para o interior do estado. A banda emocionou os fãs com

Cacau Novaes lança dois livros de poesia no FLIFS

Cacau Novaes participa do Festival Literário e Cultural de Feira de Santana nesta quinta-feira (29), onde participa de uma mesa de conversa e lança dois livros. O escritor participa do Mesa 04, às 17 horas, quando lança e fala sobre seu livro de poesia "Eu só queria ver o pôr do sol", publicado pela Editora Mondrongo, seguido de uma sessão de autógrafos. O bate papo será mediado pelo Professor Fernando Costa e acontece na Praça do Cordel Mestra Lainha. Neste seu livro, Cacau Novaes se debruça sobre a terra arrasada pelas guerras, as mazelas da humanidade, os problemas sociais das grandes cidades, como os esgotos a céu aberto, entro outros. Poesia que nasce no seio de onde vem o cheiro de miséria e a desigualdade. Já às 18 horas, o poeta lança o seu livro "Fonte de Beber Água", publicado pela Cogito Editora, onde acontece também uma sessão de autógrafos. O lançamento acontece no stand da Cogito Editora. O livro é uma obra inspirada na vivência do poeta em suas orige

Cacau Novaes entrevista Nego Jhá: 'Vem pro cabaré'

Nêgo Jhá é uma banda do interior da Bahia, da cidade de Iguaí, situada no Centro Sul do estado, criada em janeiro de 2018, por Guilherme Santana e Gabriel Almeida, através de u ma simples brincadeira entre amigos, que resultou em um trabalho profissional.  A banda já contabiliza mais de 30 milhões de visualizações no YouTube com suas músicas, entre elas, destaca-se “Cabaré”, música de trabalho gravada por artistas famosos, que compartilharam vídeos, que viralizaram na internet, ouvindo e dançando o hit do momento em todo o Brasil. Até no BBB21 da Rede Globo já tocou a música dos garotos. Foto: Divulgação Confira abaixo a entrevista com os integrantes da Nego Jhá: Cacau Novaes - Como surgiu a ideia de criar Nego Jhá? Como tudo começou?  Nego Jhá -  Através de uma brincadeira entre mim, Guilherme, e meu amigo Gabriel, que toca teclado.  No início não tínhamos em mente de que isso se tornaria algo profissional, pensamos apenas em gravar por diversão e resenha. Cacau Novaes -  É uma dupl

FIB 2024: Confira grade completa do Festival de Inverno Bahia

Em 2024, o Festival de Inverno Bahia (FIB) comemora 18 anos com muito mais música, de 23 a 25 de agosto no Parque de Exposições Teopompo de Almeida, em Vitória da Conquista - BA. Nando Reis e Ana Vitória, SPC, Xand Avião, Samuel Rosa, Maiara e Maraísa, Ana Castela, Jão, Seu Jorge, Menos é Mais e Filhos de Jorge  estão entre as atrações confirmadas no line up do palco principal do evento. Na sexta (23) e no sábado (24), o evento começa às 20h. No domingo (25), a programação começa às 19h. No dia 23 de agosto, três vozes vão se unir para cantar grandes sucessos no palco do FIB24. De um lado, a doçura e leveza de Ana Caetano e Vitória Falcão, o duo  ANAVITÓRIA , que conquistou o mundo com um talento único e diferenciado. Do outro, a elegância e experiência de  Nando Reis , que há mais de 40 anos é referência e parte importante da história da música brasileira.  Quem também chega ao Parque Teopompo de Almeida, no primeiro dia do festival é o cantor  Xand Avião.  Com 22 anos de carreira, el

Nosso Sarau de julho tem Vladimir Queiroz como escritor convidado, entre outras atrações

Vladimir Queiroz é o escritor convidado do Nosso Sarau, quarta-feira (31), às 18h, para um bate papo no Goethe-Institut Salvador sobre sua trajetória literária.  O evento tem ainda recital de poesia com Alvorecer Santos, Ametista Nunes, Cacau Novaes, Décio Torres, Jeane Sánchez, João Fernando Gouveia, Martha Potiguar e Rosana Paulo. As apresentações musicais serão com Di Carvalho e Chá Rize.   O Nosso Sarau tem a produção e curadoria de Cacau Novaes, com o apoio do Goethe-Institut Salvador Bahia. A entrada é gratuita e o evento também é transmitido através do Instagram: @nossosarau.ssa   Sobre o autor: Vladimir Queiroz da Silva (1962), natural de Feira de Santana (BA) Publicou os livros: Seres & Dizeres (Scortecci Editora (SP) - 1995), Terracota (As letras da Bahia da Bahia (BA) - 2001), Infantilis (EGBA - 2003), ABCdito e outros ditos mais (EGBA - 2003), Apokálupsis do Sertão (EGBA - 2006), Luminescência (EGBA - 2008), Instinto (EGBA - 2010), Alcatruz (EGBA - 2011), Nuances (EGBA