Desafio durante a pandemia é manter as equipes motivadas
As medidas de distanciamento social impostas pela pandemia da COVID-19 modificou os ambientes de trabalho, que deixaram os escritórios e migraram para os lares. Para garantir resultados satisfatórios, o novo modelo de trabalho também exige novas formas de gestão, que sejam capazes de engajar seus times à distância, manter canais de comunicação ativos e transparentes, assumir a fragilidade do momento e, principalmente, de confiar e prezar pelas equipes.
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O desafio da liderança é coordenar e estimular os colaboradores de modo afetivo e acolhedor (Shutterstock/reprodução) |
De acordo com o presidente da seccional Bahia da Associação Brasileira de Recursos Humanos, Wladimir Martins, nesse cenário de tantas incertezas, é fundamental que os líderes e gestores estreitem a comunicação com seus liderados. “Nesse momento, é importante que os gestores se mostrem presentes, não para cobrar ou falar de trabalho apenas, mas para mostrar interesse e dar suporte, pois o trabalho em home office é muito mais complexo que o modelo tradicional”, orienta Martins. O representante da ABRH salienta que, em casa, o trabalhador tende a passar muito mais horas diante do computador, aliado a isso, há um estresse gerado pela falta de contato físico e um estresse tecnológico. “Daí a necessidade de contatos constantes que sejam acolhedores, de fato”, completa.
Com uma postura parecida, o diretor geral da Page Executive no Brasil, unidade de negócio especializada em recrutamento e seleção de executivos para alta direção, Ricardo Basaglia ressalta que a pandemia e a decorrente situação de crise pode ser mais uma oportunidade para a evolução da sociedade. "De modo geral, o fato é que as lideranças vão precisar evoluir e, com isso, o mercado de trabalho também progride. É preciso manter o olhar humano. Quando tudo chegar ao fim, talvez as equipes não se recordem de todas as instruções e projetos realizado, mas, com certeza, todos se lembrarão como os fizeram se sentir".
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Wladimir Martins ressalta que o momento agora é de dissolver as tensões provocadas pelo distanciamento social e lidar com o estímulo das equipes (Foto:Divulgação) |
Novos tempos
Assim como Martins, ele reconhece que o momento agora é de equilibrar as cobranças dos times, dos acionistas e dos fornecedores para estarem aptos a tomarem as melhores decisões. Para Basaglia, é natural que, num primeiro momento, as maiores preocupações estejam centradas nas finanças da empresa, afinal, é com isso que empregos serão protegidos. No entanto, qualquer medida que não leve em consideração todos os grupos, pode desestabilizar a corporação. “Todos os pontos de contato devem estar alinhados para que as deliberações sejam efetivas. Em um momento desafiador como o que estamos passando, é preciso engajamento”, garante.
Acostumado a lidar com a gestão de pessoas, Martins ressalta que o gestor precisa avaliar, nesse momento, qual é a real necessidade das equipes gerenciadas. Então, para aqueles grupos mais novos, o contato precisa ser constante e estreito para dar suporte e garantir ajuda para quaisquer adaptações necessárias no novo formato de trabalho.
“É preciso identificar quaisquer dificuldades no processo e atuar sobre ele, sempre tendo em vista que esse e um momento novo para todos, então é preciso haver acolhimento, acompanhamento e distribuição adequada de tarefas”, completa, ressaltando que as equipes que estão preparadas e engajadas vão manter a produtividade constante, mesmo sem a forma presencial do trabalho.
Comportamentos evitáveis
Para Martins, o que um gestor jamais deve fazer nesse momento é abrir mão da coordenação das equipes. “Os gestores precisam focar nos resultados, mas nesse processo, as equipes não podem ser negligenciadas ou deixadas de lado, nem tão pouco é recomendado que ele acrescente camadas de estresse além daquele provocado pelo confinamento e o cenário de incertezas, afinal, quem traz resultados são as pessoas”, completa.
Para ele, esse é o momento de exercitar a tolerância no ambiente de trabalho. “Nesse momento, cabe focar mais na entrega que no rigor com o cumprimento de horários, por exemplo. Fazer mais pressão e colocar a equipe numa loucura pode ser uma estratégia arriscada e perigosa, com poucas chances de gerarem resultados positivos”, afirma.
Apesar de todas as incertezas. Wladimir Martins também prefere encarar o momento com uma postura mais otimista. “Apesar das dificuldades econômicas, acredito que o mercado do trabalho sairá com lições valiosas, como a aplicação de modelos laborativos mais humanizados, com a criação de novos postos de trabalho, a exemplo do que já é visto nos serviços de delivery e nas atividades on line”, defende.
Ele lembra que a pandemia antecipou cenários e mostrou que uma parte significativa das atividades podem adotar novos formatos. “É bom atentar que a pandemia não trouxe apenas coisas ruins. Temos ganhos como o fato da quarentena ter rompido resistências sobre o home office, questões trabalhistas estão sendo reavaliadas e vemos surgir novos tipos de trabalho”, finaliza.
Liderar é uma escolha
O primeiro passo para se tornar um líder é fazer esta opção, independentemente da posição que se tem na empresa. Decisão tomada, é hora de desenvolver um conjunto de habilidades indispensáveis para tornar o sonho realidade. “O grande diferencial dos bons líderes é a sensibilidade para perceber as motivações, necessidades e problemas dos colegas ao seu redor”, destaca Aliesh Costa, gestora de recursos humanos e CEO da Carpediem RH. “Isso revela inteligência emocional, característica essencial para cargos de comando”, conclui.
Confira, a seguir, mais cinco dicas da executiva:
Acredite na equipe. Não basta delegar. É preciso estar junto com o time, para estimular o alcance de metas. “Isto gera empatia e segurança para o colaborador”, explica Aliesh. O líder deve aceitar o fato de que não tem todas as respostas o tempo todo, percebendo que é muito melhor contar com a inteligência coletiva de uma equipe. “Com isso, ele também demonstra humildade, além de colocar a equipe toda no papel de protagonista”, explica a especialista.
Seja transparente. O líder deve construir seus relacionamentos com base na transparência. É preciso ouvir as pessoas e suas ideias e encorajar a participação da equipe nas decisões, criando assim um ambiente seguro, onde cada profissional adquire a confiança necessária para expor seus pontos de vista.
Saiba pedir ajuda. Um bom gestor deve reconhecer o momento de pedir ajuda, admitir quando estiver errado ou mesmo quando não sabe algo, simplesmente porque não é possível deter todo o conhecimento. “Reconhecer suas vulnerabilidades estimula, inclusive, o desenvolvimento profissional”, enfatiza a especialista da Carpediem.
Priorize inovar, sempre! Pessoas com potencial para liderança abraçam desafios, afinal, renovar e aperfeiçoar processos são atitudes esperadas de um líder. “Cada vez mais, as empresas estão valorizando profissionais ousados, que extrapolam o terreno conhecido, assumindo riscos e correndo atrás de oportunidades”, explica a especialista da Carpediem.
Tenha agilidade. Existe um conceito em RH conhecido como “learning agility”, que reúne aspectos como: agilidade para mudanças, agilidade mental, agilidade interpessoal e agilidade para resultados. No quesito rapidez, estas são, em síntese, as habilidades essenciais para um líder, que precisa atender as demandas do cotidiano de modo rápido e assertivo.
Fonte: Carpediem Consultoria de RH
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