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Cineastas do Brasil e do exterior pedem medidas pela Cinemateca

Com o atraso no pagamento de salários e das contas de luz, o acervo corre o risco de deterioração. O Ministério do Turismo não confirma se a atriz Regina Duarte vai permanecer à frente da instituição.

Manifestantes estenderam cartazes com os dizeres "SOS Cinemateca" e "Sem luz e sem salário, a preservação vai para o brejo". O ato, em frente à sede da instituição, na zona sul de São Paulo, foi organizado pela Associação Paulista de Cineastas.

Funcionários da Cinemateca Brasileira estão sem salário desde abril (Foto: funcionários)

Os funcionários estão sem receber salários e benefícios desde abril e há risco de corte de luz por falta de pagamento. O cineasta Roberto Gervitz, membro da Associação Paulista de Cineastas, diz que um apagão elétrico colocaria em risco todo o acervo depositado no local:

"Ao não pagar a conta de luz, pode haver um corte, e esse corte vai significar a deterioração muito rápida do acervo, que está em câmaras climatizadas com controle de temperatura e umidade. Ou seja, a Cinemateca não tem dotação orçamentária nem para a semana que vem. Ela está paralisada, deserta, com funcionários que estão trabalhando ali porque são militantes do cinema, amam a Cinemateca, estão lá há muito tempo".

No ato, o cineasta leu um manifesto assinado por 41 entidades nacionais e 32 internacionais, incluindo a Cinemateca de Bolonha, na Itália, e o Festival de Cannes, na França. O documento pede medidas urgentes do governo federal para evitar a perda do acervo histórico e de equipamentos que demandaram altos investimentos.

A vice-presidente da Associação Brasileira de Preservação Audiovisual, Debora Butruce, cobra clareza do governo Bolsonaro na gestão da Cinemateca:

"A gente precisa entender o que está sendo pensado, o que está sendo planejado para a instituição. É bastante urgente. A manutenção do acervo demanda cuidados muito específicos, cuidados emergenciais, que não podem ser interrompidos. Isso pode causar um grande desastre, colocar em risco grande parte do patrimônio do audiovisual brasileiro".

O Ministério do Turismo e a Secretaria Especial de Cultura informaram que trabalham na busca de uma solução para a manutenção da Cinemateca Brasileira, depois do encerramento do contrato de gestão com a Fundação Roquette Pinto, em dezembro do ano passado, por decisão do Ministério da Educação.

O governo Bolsonaro acrescenta que, neste momento, a Cinemateca está em fase de reincorporação pelo governo federal, uma vez que não existe respaldo contratual para a Organização Social permanecer.

O Ministério do Turismo não confirmou se a atriz Regina Duarte vai permanecer à frente da instituição, como prometeu o presidente Jair Bolsonaro, depois do afastamento dela da Secretaria Especial de Cultura, de onde ela ainda não foi exonerada.

Os funcionários da Cinemateca, que estão sem salário, abriram uma vaquinha na internet. O endereço é benfeitoria.com/trabalhadoresdacinemateca



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