Pular para o conteúdo principal

Poetas baianos são publicados por revista especializada na Colômbia

A revista colombiana de literatura La Joven Parca, editada e dirigida pelo poeta Jaime Gómez Nieto, traz, na edição de novembro de 2020, uma novidade. Poetas brasileiros, naturais e residentes na Bahia, ilustram este importante suporte literário com textos em espanhol e em português.


Jaime Gómez Nieto é um dos participantes do Taller Internacional de Poesías de San Jacinto, Bolívar, Colômbia, organizado pelos escritores Gonzalo Alvarino e Neil Reyes, via online, todos os sábados, desde que a pandemia de Covid-19 impediu atividades presenciais. A oficina literária acontecia anteriormente na cidade de Cartagena das Índias.

Durante os encontros semanais, Jaime convidou o poeta Valdeck Almeida e pediu sugestões de poetas brasileiros, que pudessem figurar como representantes das diversas vertentes poéticas, e assim surgiu a primeira lista composta por Cacau Novaes, Gilmara Silva e Cristina Leilane e Valdeck Almeida de Jesus, também participantes do sarau online, e Gonesa Gonçalves, do coletivo Enegrescência.

Foram selecionados dois poemas de cada autor(a), traduzidos e revisados antes da inclusão na prestigiada revista. A surpresa veio agora em novembro, já com a revista impressa e circulando na Colômbia, e o presente em PDF para deleite de leitores brasileiros.

Cacau Novaes, natural de Iguaí-BA, reagiu com entusiasmo. "Agradeço imensamente ao convite do escritor colombiano Jaime Gómez Nieto para participar da edição de novembro da revista "La Joven Parca", da Colômbia, principalmente pela publicação bilíngue dos meus poemas "Infinitivus" e "A água que passa debaixo da ponte", em português e espanhol. É uma grande oportunidade de divulgação da poesia brasileira contemporânea nos países latino-americanos, o que nos torna mais próximos e permite um maior intercâmbio entre poetas e escritores das américas".

A poeta Gonesa Gonçalves resume assim sua participação: "É uma satisfação imensa saber que a poesia preta da Bahia está atravessando fronteiras. Nunca escrevi imaginando que aconteceria tal coisa, mas aos poucos estou percebendo que a literatura faz a gente visitar locais outros, conhecer outras pessoas, mesmo não saindo de casa".

Não foi diferente a reação da escritora Cristina Leilane, que afirmou: "A inserção da poesia brasileira nos espaços de representação junto a riqueza expressiva da literatura colombiana, como na revista La Joven Parca, torna-se nesse momento algo essencial e valoroso, pois permite-nos observar que os espaços fronteiriços vão diminuindo em suas múltiplas dimensões, as relações entre a escrita e a recepção dos textos poéticos vão estreitando seus laços; uma benéfica aproximação entre países, escritores, culturas e seus saberes e fazeres literários".

A poeta Gilmara Silva afirma "A publicação das minhas palavras-navalhas-doçuras significa a travessia do Atlântico Negro agora não de forma compulsória. Mas por uma escolha e oportunidade de ressignificar o corpo e a mente objetificados pelo racismo sexista. Representa uma cobrança Ancestral pelos anos de depreciação, anulação e silenciamento impostos a corpos dissidentes como o meu".

Valdeck Almeida concorda que esta publicação é um importante marco entre a poesia brasileira e leitores de língua espanhola, principalmente porque a revista circula também em formato online, e leva longe as escritas de todes. E para além da leitura, o poeta assinala o intercâmbio que, mesmo em tempos de isolamento social, não paralisou, ao contrário, se expandiu por redes de internet. "Sem esse respiro cultural, muito de nossa produção não teria como chegar a novas paragens. E em língua espanhola, as nossas fronteiras se expandem", conclui Valdeck Almeida, que é Embaixador do Parlamento Internacional de Escritores da Colômbia.

Neste link está o arquivo inteiro, onde se pode ler informações mais detalhadas sobre os textos e autores/as: La Jovem Parca Nov/2020.



Por Galinha Pulando

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Cacau Novaes entrevista Nego Jhá: 'Vem pro cabaré'

Nêgo Jhá é uma banda do interior da Bahia, da cidade de Iguaí, situada no Centro Sul do estado, criada em janeiro de 2018, por Guilherme Santana e Gabriel Almeida, através de u ma simples brincadeira entre amigos, que resultou em um trabalho profissional.  A banda já contabiliza mais de 30 milhões de visualizações no YouTube com suas músicas, entre elas, destaca-se “Cabaré”, música de trabalho gravada por artistas famosos, que compartilharam vídeos, que viralizaram na internet, ouvindo e dançando o hit do momento em todo o Brasil. Até no BBB21 da Rede Globo já tocou a música dos garotos. Foto: Divulgação Confira abaixo a entrevista com os integrantes da Nego Jhá: Cacau Novaes - Como surgiu a ideia de criar Nego Jhá? Como tudo começou?  Nego Jhá -  Através de uma brincadeira entre mim, Guilherme, e meu amigo Gabriel, que toca teclado.  No início não tínhamos em mente de que isso se tornaria algo profissional, pensamos apenas em gravar por diversão e resenha. Ca...

Brasileiros participam do 'Encuentro Internacional de Escritorxs e Artistas' nesta quarta (31)

Nesta quarta-feira (31), das 19 às 22 horas, acontece a edição brasileira do Encuentro Internacional de Escritorxs e Artistas, promovido pelo M.I.E.L. - Movimiento Internacional de Escritorxs por la Libertad, reunido poetas, escritores(as), cantores(as) e compositore(as), que será transmitido virtualmente pelo Facebook e YouTube . Ametista Nunes,  Cacau Novaes,  Cecília Rogers, Cristina Leilane Fernandes, Gilmara Silva, Jeane Sánchez, João Vanderlei de Moraes Filho, José Inácio Vieira de Melo, Jovina Souza, Manuela Barreto, Marcos Peixe, Nhym o Gnomo do Arco Íris, Sérgio Augusto Fernandes,  Valdeck Almeida de Jesus  participam  falando de sua trajetória literária,  lendo poemas e outros textos literários. Além disso, a noite tem muita música com Alisson Menezes, Chá Rize, Dan Gomez e Joyce Kelly.   O Encuentro Internacional de Escritorxs e Artistas está acontecendo durante toda esta semana ...

Sérgio Mattos abre um panorama dos modelos brasileiros nos últimos 30 anos

Há 31 anos atrás comecei minha carreira.  Eu era gerente da Yes Brazil, loja mais badalada nos anos 1980. Foi lá que comecei a ter mais contato com o mundo da moda. Nesta época, os modelos que estavam na crista da onda eram Jens Peter, Sérgio Mello, entre outros.  Sérgio Mattos - Foto: Marcio Farias Em 1986, o fotógrafo norte-americano Bruce Weber esteve no Brasil para fazer o livro “Rio de Janeiro”, sobre a Cidade Maravilhosa. Com isso, o mundo abriu os olhos curiosos sobre a moda e os modelos brasileiros. Foi a partir daí que o Rio de Janeiro entrou definitivamente no roteiro fashion mundial e muita gente boa fez sucesso! Afinal, não foram só as mulheres que aconteceram, os homens brasileiros sempre venderam bem e são os queridinhos do mercado internacional! Jens Peter para Giorgio Armani Perfumes O mercado de modelos estava começando a bombar no Brasil e a Elite Model, agência internacional do icônico John Casablancas (1942 – 2013), começou a fazer um concurs...

Em abril, estreia Baianidade, o novo reality show da Bahia

Baianidade, o novo reality show da Bahia estreia em abril; Hariane e Cazé são os primeiros participantes da casa Diz o ditado que baiano não nasce, estreia. Com um certo dom original, grandes nomes da música e do entretenimento fazem sucesso na mídia, e inegavelmente, a Bahia é uma verdadeira fábrica de talentos. E, a Bahia sai na frente mais uma vez e traz uma grande novidade: com uma pitada de axé, em abril, estreia o Baianidade, o novo reality show da Bahia.  Pela primeira vez na história, um programa com 20 participantes, 10 mulheres e 10 homens confinados dentro de uma mansão na capital baiana (local ainda não foi divulgado) disputando o prêmio de R$10 mil reais para o grande vencedor (a). Sob o comando do apresentador Vitor Cirne, mais conhecido como o “Boninho da Bahia” garante que serão 16 dias de puro entretenimento e muitas surpresas.  “A cada dia será uma novidade diferente. A grande novidade é que o apresentador (eu que vos fala – risos) também estará no mesmo ambi...

'Rosa Tirana', de Rógério Sagui, por Marcelo Ikeda

Depois do cinema experimental de ORÁCULO, realizado entre Berlim e Floripa, a Mostra Aurora propõe uma guinada, até certo ponto surpreendente, com a exibição de ROSA TIRANA , realizado na caatinga de Poções, Sudoeste da Bahia. Surpreendente porque ROSA TIRANA é um filme de narrativa mais linear, com elementos típicos do cinema nordestino, associados a uma cultura regionalista e sertaneja, por meio da história de uma menina que tenta escapar da seca e caminha pelo sertão em busca de Nossa Senhora Imaculada. Foto: Divulgação É curioso perceber as semelhanças e diferenças entre AÇUCENA e ROSA TIRANA, dois filmes realizados no interior da Bahia por diretores estreantes, novatos no circuito de grife dos festivais brasileiros de autor. Enquanto AÇUCENA mostra domínio dos recursos mais típicos do cinema contemporâneo, em especial a indistinção entre ficção e documentário, tendo participado de laboratórios internacionais, com recursos da Ancine e agradecimentos a curadores importantes no cenár...