Sim, morcegos de fato comem mamãos, ou mamões maduros, mas, não é sobre morcegos nem sobre mamões o segundo e que eu saiba, derradeiro romance de Gramiro de Matos, ou Ramiro de Matos, ou Ramirão Ão Ão, cujo subtítulo, é,”O besta y a doida”, é sobre...
Bem, é sobre lombrigas e angústia, sobre o que fazer da vida, seja você um viadinho suburbano, uma filha de deputado, um bêbado amante da filha do deputado, um maconheiro, um pintor ensandecido, um atropelado, ou duas belas jovens pegando carona na Rio-Bahia.
O livro é sobre o belo e o horroroso da vida, que você pode passar com dor ou com muita dor. A escolha é sua, ou talvez não, mas, porém, contudo e entretanto, “O besta y a doida”, que mistura português com espanhol, James Joyce ( seu Jaime, para os chegados) com Gregório de Matos, os tupis e os atlantes, não é um livro triste, pelo contrário, é um livro até esperançoso, Macunaíma dos anos 70,embora o autor prefira Oswald a Mário de Andrade, mas o que sabe um autor do livro que escreveu?
Pouco.
O que sabe um baiano da Bahia, se ele não é Dorival Caymmi?
Não sei, sei que não perdi meu tempo lendo o tropicalista (será)lisérgico romance de Gramiro de Matos, em que, em meio a miséria e safadeza brasileira de todo o dia, o autor enxerga beleza, e os personagens flutuam, não como se estivessem dançando valsa, que os anos 70 não foram a belle époque, mas como se estivessem chapados, flutuando no limbo entre a memória e o desejo.
O texto descontínuo aumenta essa sensação de navegar a deriva, de início de embriaguez, de não se saber pra onde vai, tão comum a esse bicho que se chama homem.
Belo romance, um dos melhores que li ultimamente, Favelost dos anos 70. Nada mau para um impostor que disse:
“agente tem k se transformar dy trens feios em coisas bonitas y coloridas”.
Gramiro de Matos, o tropicalismo e a poesia marginal
A poesia marginal teve um momento marcante com o lançamento da coletânea 26 poetas hoje (1975), organizada por Heloísa Buarque de Hollanda. Nessa coletânea, Heloísa faz um balanço de todo o período, publicando lado a lado a nova geração e alguns dos poetas que já estavam envolvidos com outros movimentos culturais, como o tropicalismo e a marginália. Waly Salomão, Torquato Neto, José Carlos Capinan e Duda Machado aparecem ao lado dos novos como Chacal, Bernardo Vilhena, Ana Cristina César e Francisco Alvim. Unindo todos, o rótulo genérico criado pela crítica e nem sempre bem aceito por parte dos poetas de marginais.
Ainda ligado à literatura, alguns autores desse período também tiveram seus romances e textos batizados de “marginal”, criando no campo da prosa a outra face da atuação experimental dos poetas. Livros como Panamérica (1968), de José Agripino de Paula, Me segura que eu vou dar um troço (1972), de Waly Salomão, Urubu-Rei (1972) e Os morcegos estão comendo os mamãos maduros (1973), de Gramiro de Matos e Catatau, de Paulo Leminski (1975), foram inseridos nesse grupo pela crítica literária da época, apesar de suas diferenças de estilo e proposta.
Sobre Gramiro de Matos
Natural de Iguaí, Bahia, Ramiro Matos herdou o nome do avô, um dos primeiros moradores do município, de quem herdou o nome, acrescentando mais uma letra e se tornando Gramiro de Matos em homenagem ao grande poeta barroco, o também baiano, Gregório de Matos.
Bem, é sobre lombrigas e angústia, sobre o que fazer da vida, seja você um viadinho suburbano, uma filha de deputado, um bêbado amante da filha do deputado, um maconheiro, um pintor ensandecido, um atropelado, ou duas belas jovens pegando carona na Rio-Bahia.
O livro é sobre o belo e o horroroso da vida, que você pode passar com dor ou com muita dor. A escolha é sua, ou talvez não, mas, porém, contudo e entretanto, “O besta y a doida”, que mistura português com espanhol, James Joyce ( seu Jaime, para os chegados) com Gregório de Matos, os tupis e os atlantes, não é um livro triste, pelo contrário, é um livro até esperançoso, Macunaíma dos anos 70,embora o autor prefira Oswald a Mário de Andrade, mas o que sabe um autor do livro que escreveu?
Pouco.
O que sabe um baiano da Bahia, se ele não é Dorival Caymmi?
Não sei, sei que não perdi meu tempo lendo o tropicalista (será)lisérgico romance de Gramiro de Matos, em que, em meio a miséria e safadeza brasileira de todo o dia, o autor enxerga beleza, e os personagens flutuam, não como se estivessem dançando valsa, que os anos 70 não foram a belle époque, mas como se estivessem chapados, flutuando no limbo entre a memória e o desejo.
O texto descontínuo aumenta essa sensação de navegar a deriva, de início de embriaguez, de não se saber pra onde vai, tão comum a esse bicho que se chama homem.
Belo romance, um dos melhores que li ultimamente, Favelost dos anos 70. Nada mau para um impostor que disse:
“agente tem k se transformar dy trens feios em coisas bonitas y coloridas”.
Gramiro de Matos - Foto: Nosso Sarau |
Gramiro de Matos, o tropicalismo e a poesia marginal
A poesia marginal teve um momento marcante com o lançamento da coletânea 26 poetas hoje (1975), organizada por Heloísa Buarque de Hollanda. Nessa coletânea, Heloísa faz um balanço de todo o período, publicando lado a lado a nova geração e alguns dos poetas que já estavam envolvidos com outros movimentos culturais, como o tropicalismo e a marginália. Waly Salomão, Torquato Neto, José Carlos Capinan e Duda Machado aparecem ao lado dos novos como Chacal, Bernardo Vilhena, Ana Cristina César e Francisco Alvim. Unindo todos, o rótulo genérico criado pela crítica e nem sempre bem aceito por parte dos poetas de marginais.
Ainda ligado à literatura, alguns autores desse período também tiveram seus romances e textos batizados de “marginal”, criando no campo da prosa a outra face da atuação experimental dos poetas. Livros como Panamérica (1968), de José Agripino de Paula, Me segura que eu vou dar um troço (1972), de Waly Salomão, Urubu-Rei (1972) e Os morcegos estão comendo os mamãos maduros (1973), de Gramiro de Matos e Catatau, de Paulo Leminski (1975), foram inseridos nesse grupo pela crítica literária da época, apesar de suas diferenças de estilo e proposta.
Gramiro de Matos - Foto: Mário Cravo Neto |
Sobre Gramiro de Matos
Natural de Iguaí, Bahia, Ramiro Matos herdou o nome do avô, um dos primeiros moradores do município, de quem herdou o nome, acrescentando mais uma letra e se tornando Gramiro de Matos em homenagem ao grande poeta barroco, o também baiano, Gregório de Matos.
, como Jorge Amado, Glauber Rocha e era amigo de Waly Salomão e Torquato Neto, fazendo parte do movimento tropicalista, juntamente com esses seus dois parceiros. No ano passado, durante o relançamento do seu livro “A Conspiração dos Búzios”, foi proclamado como o “tropicalista esquecido”, em uma extensa .
Autor de “Urubu Rei” e “Os morcegos estão comendo os mamãos maduros”, bastante elogiados pela crítica na época, o autor, cuja literatura foi considerada “impenetrável”, devido aos experimentalismos pós-modernos, foi considerado por Jorge Amado como “a mais nova experiência da linguagem depois de Guimarães Rosa”. Jorge Amado também escreveu um texto de apresentação em “Os morcegos estão comendo os mamãos maduros”, um dos livros de Gramiro de Matos. Apesar disso tudo, o autor caiu no esquecimento na década seguinte, já que se mudou para Portugal para continuar os estudos acadêmicos, o que resultou em uma tese de doutorado: “Influências da literatura brasileira sobre as literaturas africanas de língua portuguesa”, publicada posteriormente no Brasil.
A vivência da redemocratização portuguesa em 1974 e da descolonização da África lusófona foram muito impactantes em Gramiro de Matos, autor ícone da contracultura brasileira no momento imediatamente posterior ao tropicalismo. Nesse sentido, um experimentalismo dá lugar a uma maior politização em sua obra. No entanto, a experiência de exílio em ambos os lados do Oceano Atlântico durante a década de 70 foi indispensável para que o autor continuasse, ainda que com modificações, seus gestos de violência contra a língua padrão e, ao mesmo tempo, desenvolvesse o conceito de “combate em línguas”, tanto para propósitos acadêmicos como estéticos.
Fontes: Bula de livro, Skoob, Iguaí Mix e Sinopse literárias
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